Templo do underground é demolido

Matéria publicada no Jornal Diário do Povo em Setembro de 1997, fala sobre a demolição do antigo Bar Ilustrada, que agitou a cena cultural noturna. O bar recebeu bandas conhecidas do cenário do rock de Campinas, como Os Muzzarellas, Césio 137, Lethal Charge, entre outros.

Músicos que queriam mostrar seu trabalho autoral tinham o Projeto Segunda-Feira. As bandas de rock se apresentavam no Projeto 2h30.

Foi um espaço aberto para alternativos e qualquer outra tendência.

Reportagem jornal sobre a demolicao do bar Ilustrada

Espaço Mog

Após o fechamento do Ziriguidum e da Hammer, muitos campineiros de 18 a 22 anos ficaram sem opções de lugares para frequentar e ouvir o bom e velho rock’n’roll. Em 2011, o Espaço Mog surgiu para resgatar os fãs do rock.

A casa chegou com uma proposta exclusiva para a região de Campinas. Ela abre espaço para bandas autorais que possui pouco espaço na mídia, nomes como, Móveis Colônias de Acaju, Tulipa Ruiz, Boss in Drama, Bonde do Role, Cérebro Eletrônico, Garotas Suecas, Vanguart, Marcelo Camelo, Copacabana Club, Céu, Mallu Magalhães, entre outros.

A decoração é bem característica para o público moderno e alternativo, drinks exóticos e as máquinas de fliperama são os grandes diferenciais da casa. O Espaço Mog acomoda cerca de 500 pessoas, onde diversos sofás, puffs e mesas estão dispostas para agregar conforto à casa. O palco é localizado em um ponto estratégico, permitindo ótima visualização de todos os pontos do ambiente.

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Foto: Espaço Mog

A discotecagem é diferenciada, traz nomes de peso na história do rock como, Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys, Guns ‘n Roses, Blink 182, Nirvana, Offspring, Foo Fighters, Kiss, Queen, entre outros; além de hits dançantes e envolventes da cultura pop como, Katy Perry, Rihanna, Kesha, Adele, Amy Winehouse e muito mais.

Allan Gaigher, dono do Espaço Mog, faz uma comparação entre o cenário de rock que tínhamos na década de 90 em Campinas com os dias atuais:

 Se estivermos falando de rock autoral independente, falta interesse, falta público e, consequentemente, bandas novas. Por algum motivo as pessoas foram perdendo interesse por eventos de rock autoral independente, prefiro acreditar que é algo cíclico e estamos em uma fase de baixa. Não falta nada em questão de estrutura, temos casas com palcos ótimos. Com certeza temos mais casas hoje em dia em quantidade e qualidade do que a 10 ou 20 anos, temos bons estúdios, mais escolas de música, acesso mais fácil a instrumentos e equipamentos. Mas a quantidade de bandas tocando rock autoral independente e pessoas buscando por esse tipo de evento é notavelmente menor. Em contrapartida, hoje em dia temos muitos shows cover de clássicos do rock lotando casas, bares de rock de qualidade em posição de destaque.

Acredito que o rock clássico e internacional está mais presente na noite de Campinas do que nas ultimas décadas. O pessoal só não está valorizando o que é produzido por aqui.

Como nos tempos do setor

Recorte do Jornal Correio Popular publicado em 2002, com matéria sobre a noite que o Contramão Espaço Bar – resistente há 15 anos no antigo reduto de bares no Cambuí, criou um projeto onde abria espaço para relembrar os bons tempos do setor.

Os músicos convidados eram os que se apresentavam nos bares do Cambuí nos anos 80 e início dos 90, e agitavam a noite de Campinas com músicas pop e rock.

nota bar contramao programação relembrando epoca do setor

Campinas virou sertão

Na década de 90 tocavam muitas músicas nas rádios pop/rock. O público era muito menos ligado ao modismo como vemos atualmente. Hoje em dia, as bandas são retrô, Arctic Monkeys, The Keys, Adele, entre outros; as roupa são retrô, logo as cabeças buscam algo no passado.

Muitos bares da cidade fecharam porque não se atualizaram, caíram em uma mesmice sem tamanho. Bandas tocando cover de artistas que ninguém mais deseja ouvir.

Muitos artistas de qualidade apareceram, consequentemente os cachês aumentaram muito e as entradas nos bares ficaram caríssimas. Entre gastar 50 reais para entrar em uma casa noturna e mais 50 reais em consumação, muitos preferem economizar e investir um valor mais alto em um show do Iron Maiden, por exemplo.

ImageEsse é um dos motivos das casas que faliram. Elas ficaram para trás porque não se atualizaram, não se adaptaram ao mercado do seu publico-alvo, simplesmente mudam a identidade do local. O público está cada vez mais exigente. Quem gosta de rock, quer ver rock. Abrir uma casa noturna visando apenas o lucro e não atender às expectativas do público, não se prepararem para as mudanças, não funciona.

Um exemplo é a música sertaneja. O público gostava de sertanejo, depois sertanejo universitário, em seguida sertanejo com arrocha, e por fim sertanejo com funk. As casas noturnas precisam acompanhar essas mudanças, não apenas nas cabines dos djs, e sim em toda estrutura da casa.

A cena musical de Campinas foi rica no final de 80 e 90, marcada por bandas como os Muzzarelas, Kama Sutra, Kretinos, Rei Lagarto, entre outras. Enquanto que, atualmente, sinto que há um certo desânimo por parte dos músicos, que não transmitem com tanta energia os seus sentimentos. Casas como Hammer, Ferro Velho e Delta Blues foram relevantes na dinâmica da cidade durante estes períodos. É uma pena que a essência do rock tenha se perdido um pouco em Campinas.

Fábio Calicchio, ex-vocalista da banda Vegas Locomotive.

Uma questão de escolha

Quando pensamos em banda já imaginamos aqueles shows em estádios lotados, fãs para todos os lados, groupies, roadies, palcos enormes e todo o glamour que um grande evento proporciona. Sim, esse é o sonho de todas as bandas quando iniciam sua carreira, mas nem tudo é esse mar de rosas e sucesso.

Montar uma banda exige dedicação, vontade, inspiração e tudo mais que seja necessário para que um negócio dê certo, um negócio como qualquer outro que todos sonham em ter um dia na vida. É preciso encontrar músicos que queiram tocar a mesma coisa, e que tenham um certo entrosamento.

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 Até aí parece fácil, mas na hora de colocar o pé na estrada não é tão simples assim. Bandas iniciantes querem tocar a todo custo e os contratantes querem a banda tocando para eles, porém, muitas vezes não querem pagar por toda essa dedicação que foi disponibilizada. Ter uma banda significa ter jogo de cintura para encarar o mercado. No início, muita gente aceita tocar de graça pela diversão, para adquirir experiência e pelo prazer de estar no palco, mas chega uma hora em que é preciso um pouco mais de motivação, o cachê. Claro que bandas covers, ou mesmo autorais, mas sem um certo reconhecimento não podem exigir muito, mas é exigir muito que o trabalho realizado seja valorizado? Principalmente na primeira vez em que a banda vai tocar em determinado lugar, o contratante alega que não pode pagar pois não sabe qual será o retorno. Da segunda vez em diante ele até paga, mas paga o que ele acha que deve, e não o real custo de se ter e manter uma banda.

Ensaios, instrumentos, gravações, viagens, tempo, tudo é dinheiro. E a entrada do evento não é gratuita na maioria das vezes. Quase sempre é cobrado um valor conhecido como couvert artístico, mas nem sempre esse valor é integralmente repassado aos músicos. Por essas e outras razões, chega uma hora em que muitos não aceitam mais tocar, e quase sempre são facilmente substituídos por quem aceite tais condições, o que faz com que cresça a concorrência e o mercado fique mais escasso. Mas apesar de todas as barreiras e dificuldades, em quase todos os lugares existe quem queira ver o que uma banda tem pra oferecer, e isso faz com que o esforço seja recompensado independente do cachê conquistado. Para quem se apresenta, estar em cima do palco significa muito mais do que apenas tocar um instrumento. É um momento único, com uma energia única, que faz com que a músicas se tornem as palavras que todos gostaríamos de dizer um dia em alguma ocasião, seja para quem for ou para o que for, independente do estilo escolhido por quem decide começar esse negócio.

Sophia Reis, vocalista da banda cover feminina de Kiss.

Huaska – A bossa do metal

Huaska é uma bando brasileira de rock alternativo. Nasceu em 2002, com a ideia de tocar rock pesado em português com sonoridade brasileira. Seu estilo característico, que combina new metal, hardcore e metal com gêneros brasileiros, como o samba e a bossa nova.

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Confira uma entrevista com Júlio Mucci, baixista da banda:

Como a banda surgiu?


R: A banda surgiu em SP, juntando alguns músicos de bandas coveres, eu não estava na formação original, portando só fui fazer parte da banda a partir de 2009, mas já conhecia eles a muito tempo, pois eles faziam shows em campinas, junto da minha antiga banda, Alaska, já toquei com muitas bandas em campinas, Alaska, Atelopus, Vulgo Fúria, Vó Tonha, e fiz algumas partipações em algumas outras.

Quais suas maiores influências musicais?


R: Bjork, Portishead, Deftones, Korn e Red Hot Chili Peppers.

Qual o estilo da banda?

R: 
”Samba Metal” é como a mídia divulga nosso estilo, misturamos guitarra, baixo e bateria bem pesados, com violão e percussão, na mesma música colocamos o peso do rock, com violão, samba e bossa nova.

Quais locais em Campinas a banda já se apresentou?


R: Que eu me lembre agora, o Huaska já tocou no Antimatéria, Bar do Zé (Barão Geraldo), Woodstock, Sebastian Bar, Hammer e Livraria Cultura (Shopping Iguatemi).

Qual a situação atual da banda?


R: Gravamos nosso terceiro cd em 2011 e lançamos ele no começo de 2012, gravamos alguns clipes e divulgamos bastante a banda durante esse ano, agora em 2013 estamos focados em tocar nas cidades e estados que já conhecemos, como São Paulo, Campinas e região, fomos para Curitiba pela terceira vez também, e no segundo semestre fazer shows em outros estados e cidades mais distantes.

Qual o futuro que você busca para a banda?


R: Como nós fazemos um estilo de música que ainda não foi explorado direito, Rock com elementos e ritmos brasileiros, nós esperamos entrar pra história do rock nacional, abrindo um novo segmento, e conquistando um espaço que está vazio, faz tempo que no Brasil não temos uma banda séria e que faz música de verdade, fazendo o que gosta, diferente de algumas coisas que vemos por aí, música pra agradar a massa, esse não é o nosso objetivo.

Como você enxerga o cenário atual do Rock em Campinas?


R: Eu sou de 1983, faço 30 anos em Dezembro, comecei a sair pra shows com uns 13 ou 14 anos de idade, indo pra uns bares podres onde tocavam bandas, e alguns “showmícios” que tinham na época, quando ainda era permitido esse tipo de coisa, meu primeiro grande show foi do Raimundos, em Campinas, depois nunca mais parei de ir em show, mas eu posso dizer que nos últimos 15 anos, a coisa foi de ótima, pra péssima, cada vez menos lugares para se tocar e ir em shows, bandas que fazem som próprio perdendo muito espaço para cover, nada contra cover, eu tenho duas bandas covers inclusive, mas acho que som próprio merece ter mais respeito e espaço, e agora eu percebo que de 2011 pra cá, começou a melhorar um pouco, bem devagar, mas tá melhorando.

O que falta na cidade de Campinas em comparação ao cenário que tínhamos na década de 90?


R: Mais lugares pra shows e eventos!!! Não temos mais shows na praça do Centro de Convivência, não sei exatamente o que houve, mas parece que foi proibido devido a “bagunça e sujeira” que os “jovens” faziam nas redondezas, e ficamos alguns anos sem a concha acústica, que agora em 2013 vai voltar a funcionar, o que é ótimo, espero que continue assim, melhorando, mesmo que devagar.

O bom e velho rock’n’roll está morrendo?


R: Nunca, pode mudar de rosto, de estilo, de roupa, mas rock é rock. 
As pessoas vão continuar fazendo sinal da cruz quando me encontrarem na rua, e vão fazer isso pros nossos filhos e pros nossos netos, se Deus quiser hahaha.

Em 2012, a banda gravou o clipe da música Samba de Preto com a participação de Elza Soares. Confira: http://www.youtube.com/watch?v=QGN12g_iNYU

Eu toco Rock’n’Roll

Um documentário que mostra a situação do Rock no Brasil. Conta com a participação de grandes nomes do Rock Brasileiro, como: Paulão (Velhas Virgens), Jimmy (Matanza), Roger (Ultraje a Rigor), Dani Nolden (Shadowside), Rodrigo (Dead Fish), Derrick Green (Sepultura), Dro Cardoso e Math Fattori (Lisabi), Teco Martins, Candinho e Ale (Rancore), entre outros.

O Brasil é o país do samba. Também é o país da bossa nova. E do sertanejo, do pagode, e de tantos outros estilos criados e enraizados em nossa cultura. Mas não é o país do rock. E é isso que o vídeo “Eu Toco Rock N’ Roll” explora: o que é tocar rock no Brasil?

Fonte: Youtube
Produção: Daniel Faustino, Gustavo Freitas, Henrique Bovolenta e Rodrigo Gianesi.